Olhando o mar, sonho sem ter de quê.
Nada no mar, salvo o ser mar, se vê.
Mas de se nada ver quanto a alma sonha!
De que me servem a verdade e a fé?Ver claro!
Quantos, que fatais erramos,
Em ruas ou em estradas ou sob ramos,
Temos esta certeza e sempre e em tudo
Sonhamos e sonhamos e sonhamos.
As árvores longínquas da floresta
Parecem, por longínquas, 'star em festa.
Quanto acontece porque se não vê!
Mas do que há pouco ou não há o mesmo resta.
Se tive amores? Já não sei se os tive.
Quem ontem fui já hoje em mim não vive.
Bebe, que tudo é líquido e embriaga,
E a vida morre enquanto o ser revive.
Colhes rosas? Que colhes, se hão-de ser
Motivos coloridos de morrer?
Mas colhe rosas. Porque não colhê-las
Se te agrada e tudo é deixar de o haver?
Fotografia: Nuno Baptista
Maquina: Canon Modelo: Canon EOS 350D DIGITAL
Exposição: 4/10 sec Abertura: f 18ISO: 100Metering Mode: Average Flash: No FlashDist. Focal: 27 mm
Poema: Olhando o mar, sonho sem ter de quê - Fernando Pessoa
segunda-feira, novembro 20, 2006
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Um comentário:
Obrigada por explicares a todos os possíveis visitantes/leitores deste blog o significado da palavra onírica (onirismo)! ;) Pelo menos assim, se alguém não entender o porquê do título, vai poder faze-lo recorrendo à tua descrição!
Postar um comentário