segunda-feira, janeiro 08, 2007

Ceifeiras

As ceifeiras - António Carvalho de Silva Porto
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Ela canta, pobre ceifeira,
Julgando-se feliz talvez;
Canta, e ceifa, e a sua voz, cheia
De alegre e anônima viuvez,
Ondula como um canto de ave
No ar limpo como um limiar,
E há curvas no enredo suave
Do som que ela tem a cantar.
Ouvi-la alegra e entristece,
Na sua voz há o campo e a lida,
E canta como se tivesse
Mais razões pra cantar que a vida.
Ah, canta, canta sem razão !
O que em mim sente 'stá pensando.
Derrama no meu coração a tua incerta voz ondeando !
Ah, poder ser tu, sendo eu !
Ter a tua alegre inconsciência,
E a consciência disso !
Ó céu ! Ó campo ! Ó canção ! A ciência
Pesa tanto e a vida é tão breve !
Entrai por mim dentro ! Tornai
Minha alma a vossa sombra leve !
Depois, levando-me, passai !
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Ela Canta, Pobre Ceifeira - Fernando Pessoa


Uma Pintura Vivaz


Virgilio Vaz
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" Era uma vez um menino que vivia numa aldeia dos contrafortes da Serra da Estrela.
Mais exactamente no Paul. Esse menino tinha a curiosa mania de talhar formas em casca de pinheiro. Dessas carochas saíam baixos relevos, figuras locais, personagens fantasmagóricas, que incitavam o miúdo a continuar o seu sonho artístico.
Pois o certo, é que o Virgílio tinha encontrado um grande tesouro. Tinha encontrado a Arte "
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Excerto do texto de Manuel da Silva Ramos, in " Catálogo da Exposição da Pintura" na Galeria da Ordem dos Médicos (02-05-2004)

sexta-feira, janeiro 05, 2007

Chuva humana!


Golconda - René Magritte 1953
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Será chuva?
Será gente?
Gente não é, certamente
e a chuva não bate assim.
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Excerto de "Balada da Neve" - Augusto Gil