segunda-feira, julho 26, 2010

A vida...


Depois de algum tempo aprendes a diferença, a subtil diferença, entre dar a mão e acorrentar uma alma.
E aprendes que amar não significa apoiar-se e que companhia nem sempre significa segurança.
E começas a aprender que beijos não são contratos, presentes não são promessas.
E não importa o quanto boa seja uma pessoa, ela vai ferir-te de vez em quando e precisas perdoa-la por isso.
Aprendes que falar pode aliviar dores emocionais.
Descobres que se leva anos para se construir confiança e apenas segundos para destrui-la, e que podes fazer coisas num instante, das quais te arrependeras pelo resto da vida.
Aprendes que verdadeiras amizades continuam a crescer mesmo a longas distancias.
E o que importa não é o que tu tens na vida, mas quem tens na vida.
Descobres que as pessoas com quem mais te importas na vida, são tiradas de ti muito depressa; por isso, sempre devemos deixar as pessoas que amamos com palavras amorosas; pode ser a última vez que as vemos.
Aprendes que paciência requer muita prática.
Aprendes que quando estás com raiva tens o direito de estar com raiva, mas isso não dá o direito de seres cruel.
Aprendes que nem sempre e suficiente ser perdoado por alguém. Algumas vezes, tens que aprender a perdoar-te a ti mesmo.
Aprendes que com a mesma severidade com que julgas, tu serás em, algum momento, condenado.
Aprendes que não importa em quantos pedaços teu coração foi partido, o mundo não pára para que o consertes.
E, finalmente, aprendes que o tempo não é algo que possa voltar para trás.
Portanto, planta teu jardim e decora tua alma, ao invés de esperar que alguém te traga flores.
E percebes que realmente podes suportar... Que realmente és forte, e que podes ir muito mais longe depois de pensar que não se pode mais. E que realmente a vida tem valor e que tu tens valor diante da vida. E só nos faz perder o bem que poderíamos conquistar, o medo de tentar...

Florbela Espanca

quinta-feira, julho 15, 2010

A Ruptura





"¡Oh, vergüenza! ¡Tú eres una carga para mí!
¡Oh, conciencia! ¡Cuántas ilusiones,
(...)
Apartaré de ti mis pensamientos todos"


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Picture: Paul Gauguin, "Idas y venidas", 1887
Poema: "La Ruptura" de Boris Pasternak

O Sonho


“Sempre faço o que não consigo fazer para aprender o que não sei!”

Pablo Picasso
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Pablo Picasso, "O Sonho"

segunda-feira, junho 28, 2010

Girassóis: uma paixão!




"Meu melhor quadro é aquele que imaginei deitado na cama, através da fumaça do cachimbo e que nunca cheguei a pintar."
Vicent Van Gogh
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Van Gogh, "Doze girassóis numa jarra"

Renascer II



Vejo-me sentado,
Naquela rocha;
Lá no alto,
Do penhasco.

Ali sentado
Qual vigia,
Vislumbro o mar,
Até onde se mistura,
No ar,
Com o céu.

Aqui no alto,
Sinto ânsias de voar.
Como gaivotas, que vejo
Preguiçosamente no ar.

(...)

E todas as dores
De perdidos amores
Renascem como flores.

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Pintura: Lizette Inzunza, Aguarela, "Sola Frente al Mar"
Poema: Augusto Gil

Renascer


Se às vezes digo que as flores sorriem
E se eu disser que os rios cantam,
Não é porque eu julgue que há sorrisos nas flores
E cantos no correr dos rios...
É porque assim faço mais sentir aos homens falsos
A existência real das flores e dos rios.
Porque escrevo para eles me lerem sacrifico-me às vezes
Á sua estupidez de sentidos... Não concordo comigo mas absolvo-me,
Porque só sou essa cousa séria, um intérprete da Natureza,
Porque há homens que não percebem a sua linguagem,
Por ela não ser linguagem nenhuma.

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Pintura: Eduardo Gouveia, Renascer
Óleo sobre tela
40cm x 45cm

Poema: Alberto Caeiro, "Se às vezes digo que as flores sorriem"

terça-feira, junho 22, 2010

São João



O martelo de S. João foi inventado em 1963 por Manuel António Boaventura, industrial de Plásticos do Porto, que tirou a ideia num saleiro/pimenteiro que viu numa das suas viagens ao estrangeiro. O conjunto de sal e pimenta tinha o aspecto de um fole ao qual adicionou um apito e um cabo vindo a incorporar tudo no mesmo conjunto e dando-lhe a forma de um martelo. O objectivo inicial era criar mais um brinquedo a adicionar à gama de que dispunha.
Nesse mesmo ano os estudantes abordaram o Sr. Boaventura com o intuito de lhes ser oferecido para a queima das fitas um “brinquedo ruidoso”, ao que o Sr. Boaventura acedeu oferecendo o que de mais ruidoso tinha...os martelinhos. A queima das fitas foi um sucesso com os estudantes a dar “marteladas” o dia todo uns nos outros e logo os comerciantes do Porto quiseram martelinhos para a festa de S. João.
Esse ano o stock era pouco mas no ano seguinte os martelos foram vendidos em força para esta festa e ao mesmo tempo oferecidos pelo Sr. Boaventura a crianças do Porto.
Assim o martelinho entrou nas festa do S. João sendo aceite incondicionalmente pelo povo nos seus festejos.
A venda fez-se normalmente durante 5 ou 6 anos até que um dia o Vereador da cultura da Câmara do Porto, Dr. Paulo Pombo e o Presidente da Câmara do Porto Engº Valadas chegaram á conclusão de que este brinquedo ia contra a tradição e decidiram fazer uma queixa ao Governador Civil do Porto Engº Vasconcelos Porto, queixa esta que foi aceite tendo mesmo o Governador Civil notificado o Sr. Boaventura de que no ano seguinte estava proibido de vender martelos para a festa de S. João, mandando avisar que quem fosse apanhado com martelos na noite de S. João seria multado em 70$00 (na época ganhava-se cerca de 30$00), e mandando retirar os martelos das lojas comerciais onde estavam á venda. O que é certo é que o povo não acatou esta decisão e continuou a usar o martelo nos seus festejos.
O Sr. Boaventura ao ver-se lesado e injustiçado nesta decisão do Governo Civil levou então a questão a tribunal, perdendo em 1ª e 2ª instância. (estava-se no tempo de Américo Tomás e Marcelo Caetano e consequentemente da PIDE). No entanto no ano de 73 recorreu para o Supremo Tribunal e ganhou a questão, podendo assim continuar a fazer os martelinhos que se tornaram tradição popular não só no S. João do Porto, como no S. João de Braga, Vila do Conde, Carnaval de Torres Vedras, Passagens de ano, campanhas de partidos políticos, etc.
Os martelos sofreram inúmeras alterações ao longo dos anos mas a tradição ficou e a sua história perdeu-se com o tempo...

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Pintura: Di Cavalcanti, "São João"
Texto:
http://martelodesjoao.blogspot.com

Depois de mais de 2 anos de ausência... Será também este o meu regresso anunciado?



Regresso Musicado (2008) de Roberto Chichorro

Tipo: Pintura

Dimensões: 120 cm x 90 cm

Técnicas: Acrílico sobre tela